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Ele mudou o futebol, quase foi preso, está desempregado e falido

Bosman, em amistoso beneficente em 2007: processo acabou com a carreira

“Os jogadores ganham milhões graças a mim, mas eu vivo na miséria”. A frase é de Jean-Marc Bosman, você dificilmente sabe quem ele é, o jogador belga nunca foi um craque, mas mudou a história do futebol. Há duas décadas, em 1995, ele conseguiu nos tribunais uma vitória que rompeu fronteiras e globalizou o futebol a partir da famosa Lei Bosman, transformando para sempre as relações entre clubes e jogadores. 
A história começou em 1990, quando Bosman, então jogador do Liège, da Bélgica, quis aceitar uma proposta do Dunkerque, clube então da segunda divisão francesa. O clube belga não aceitou, e o jogador foi aos tribunais pela chance de poder escolher o próprio rumo da carreira.
A decisão judicial, cinco anos depois, foi um marco em dois sentidos: primeiro, porque mudou a relação entre jogadores e clubes; segundo, porque abriu as fronteiras entre os times da União Europeia, acabando com o tradicional limite de três estrangeiros por equipe.

O mundo do futebol mudou por causa de Bosman. Grandes times do futebol europeu puderam contratar dúzias de craques, quaisquer que fossem suas nacionalidades. Se hoje vemos times montados como se fossem verdadeira seleções do mundo, saiba que isso começou a partir deste momento.
Mas a vida do jogador belga mudou para sempre. E para pior. Bosman jamais defendeu o Dunkerque, time pelo qual deu início à batalha judicial. Nem qualquer outro clube de primeira divisão. A vida do jogador que mudou a história do esporte estrou em uma espiral de desgraças profissionais e pessoais.
Desde 1995, pouco se sabia sobre Jean-Marc Bosman. Mas, em uma reveladora entrevista à revista espanhola Panenka, o jogador finalmente contou como é sua vida atualmente.
O ex-jogador mudou-se para a Holanda e tornou-se um recluso. As notícias sobre ele são raras, a última de maior vulto foi em fevereiro de 2014, quando quase foi preso, acusado de violência doméstica contra a mulher e a filha.
"Depois do julgamento, recebi um milhão de euros como indenização. Paguei 33% de impostos e 30% aos meus advogados. Desde 1995, fui um bom cidadão belga, que paga seus impostos, mas que não tem salário. Vendi uma casa, e agora tenho outra. É o único bem que me resta", contou Bosman à revista.
Apesar das dificuldades, o ex-jogador afirmou que não se arrepende de ter entrado na briga judicial que mudou para sempre a história do futebol europeu.
"Não me arrependo de nada. Tenho uma boa relação com FIFPro [Federação Internacional de Jogadores Profissionais]. Graças ao caso Bosman, o volume de negociações aumentou 85%. Como trabalhei com eles, tenho uma pequena ajuda do sindicato", revelou.
Bosman, hoje com 58 anos, não assiste mais a partidas de futebol. E, quando perguntado sobre qual é seu jogador preferido atualmente, tem uma resposta, no mínimo, intrigante.
"Gosto de todos, porque lutei por todos eles. Mas eles deveriam conhecer mais sobre mim e não esquecer seu próprio passado".

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